Não há aprendizagem sem o
interesse do aluno em aprender.
Para que um determinado
objeto se torne objeto de conhecimento é imprescindível que o aluno esteja
mobilizado para conhecê-lo. É preciso que o aluno tenha mobilidade para tal,
tendo a intenção de conhecer esse objeto desconhecido. E o ato da mobilização para
o conhecimento do objeto exige do sujeito uma carga energética física e
psíquica durante todo o processo. É importante ressaltar que durante essa
aprendizagem também estão presentes cargas afetivas em torno do objeto a ser
conhecido, e que essas cargas não podem ser demasiadas, pois assim poderá
ocasionar distúrbios, em virtude da grande ansiedade de quem quer conhecer o
objeto.
Para que o sujeito conheça o
objeto também é de grande necessidade aborda-lo, e nesse
sentido podemos dizer que não há possibilidade de conhecimento do objeto se ele
estiver ausente do sujeito.
Mas para o sujeito construir
o seu conhecimento a respeito de um objeto qualquer é preciso também que esse
objeto tenhasignificado para
o sujeito. Mesmo um simples significado no primeiro momento já é o suficiente.
O que vale é prender o aluno ao objeto, para que no segundo momento ele
desperte mais desejo de conhecê-lo, se este fizer parte das suas necessidades.
Nesse sentido, podemos afirmar que a mobilização é o caminho e a meta é o significado
que o objeto tem para o sujeito.
Em se tratando da mobilização
para o conhecimento, podemos dizer que nenhum sujeito se debruçará horas a fio
sobre um objeto que não satisfaça as suas necessidades num sentido bem amplo. E
isto é o grande problema que enfrentamos na sala de aula hoje em dia – não
conseguimos despertar a atenção dos nossos alunos porque não estamos oferecendo
para eles objetos que satisfaçam as suas necessidades, as suas curiosidades.
Partindo-se do princípio
da dialética
da mobilização, concordamos plenamente que ninguém motiva
ninguém, ninguém se motiva sozinho, os sujeitos se motivam em comunhão,
mediados pela realidade – parafraseado de Paulo Freire.
Já os professores adeptos da
linha pedagógica tradicional não aplicam a dialética da mobilização em
sala de aula. Eles têm uma visão equivocada sobre o que é construção do
conhecimento. Para esses professores o caráter reflexivo e ativo dos alunos em
torno do objeto não tem significância, e basta que esses alunos estejam em sala
de aula, pois sendo assim eles acham que os alunos já podem estar motivados.
Articulação realidade-Objeto-Mediação
Para que o educando, sujeito
conhecedor ou transformador do objeto, no processo de mobilização para o
conhecimento, tenha sucesso na sua empreitada a favor das descobertas, é
necessário que a sua ação seja consciente e voluntária, tão quanto necessária
seja a do professor.
É preciso, nesse sentido, que
o professor conheça a realidade dos seus alunos, suas necessidades, para assim
poder traçar a mobilização para o conhecimento e ter conhecimento de onde quer
chegar. Somente assim o trabalho da metodologia dialética poderá ter sucesso.
Conhecer a realidade do aluno
é um ponto de partida muito importante se quisermos realmente buscar a
mobilização. Mas uma realidade concreta e vista pelos olhos da razão,
desprezando a realidade empírica que corresponde a somente o superficial das
coisas.
Portanto, para que isso
ocorra, o primeiro passo seria a prática social comum a professor e aluno.
Para o educador construtivista
é importante ressaltar a presença da psicogênese durante o
processo de conhecimento, no qual estão interelacionados a infra-estrutura
orgânica, o cérebro, o amadurecimento da função e as relações sociais.
O homem é geneticamente
social, mas ele também é social e o seu conhecimento é produto da inteligência.
A forma de conhecer as coisas
tem elementos diferenciados, mesmo apresentando estrutura básica semelhantes.
Vejamos que em certa fase da vida a criança pode deixar de entender algo que
para o homem na sua fase adulta seja tão óbvio, tão comum! Às vezes os adultos
não percebem certas coisas, mas nem por isso elas deixam de existir!
Durante o processo de
ensino-aprendizagem é muito comum observarmos educadores que pulam/queimam as
etapas da aprendizagem – os professores ao invés de se prenderem aos pormenores
iniciais sobre o assunto, vão logo, para o que eles dizem “ao que interessa”. É
o que chamamos de técnica do atalho. Isso bloqueia o raciocínio lógico
do aluno, tendo em vista que a aprendizagem é um processo visto em fazes.
Uma característica da
mobilidade para o conhecimento é a clareza dos objetivos. Mas não tratamos aqui dos
objetivos mecânicos que não despertam o sujeito para o conhecimento, e sim, de
objetivos que satisfaçam realmente as necessidades dos alunos.
Infelizmente os objetivos
traçados pelas escolas só atendem às regras do sistema, tendo como prioridade o
programa conteudista, o que o diretor quer e o que possivelmente poderá cair no
vestibular. Desse modo fica difícil educar para a vida!
Sendo assim, a intencionalidade do
educador, que aponta a real definição sobre o seu papel,
deixa de existir e, conseqüentemente, a intencionalidade do sujeito/aluno
também não tem sentido.
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO - ELABORAÇÃO E EXPRESSÃO DA SÍNTESE DO CONHECIMENTO - CONCLUSÃO
Consiste em possibilitar que
o aluno faça o confronto direto com o objeto, de forma a apreendê-lo em suas
relações internas e externas. Tal procedimento deve permitir que o aluno
estabeleça relações de causa e efeito e compreenda o essencial. Quanto mais
abrangentes essas relações forem, melhor o aluno as compreenderá.
É exatamente o momento em que
o aluno, no seu estudo, passa a conhecer o objeto e tirar conclusões sobre tal,
para assim poder construir novos conhecimentos sobre o mesmo.
É nesse momento que o aluno
vai conhecer o objeto a ser estudado, mas com a ajuda do professor. Nenhum
dever toma partido de um aprendizado isolado. Os dois, “em comunhão,” devem
interagir constantemente em torno do objeto e a realidade.
Sendo assim, o professor, ao
invés de dar o conhecimento pronto para o aluno, mobiliza-o, estimula-o para
que ele mesmo possa buscar o conhecimento e refletir sobre o mesmo, com o
auxilia da ajuda do professor.
Processo de conhecimento em sala de aula
Apesar da mobilização do
sujeito ser uma característica para conhecer os objetos, ainda somente isto não
é necessário para eu haja a construção do conhecimento. A ação do sujeito sobre
o objeto a ser conhecido é a necessidade primordial. Isto posto, podemos dizer
que o importante então não é só motivar, mas colocar o sujeito a par da
construção do conhecimento. E para isso o aluno deve ter em conta que a contradição é o núcleopara
que isso ocorra. O homem deve ser ativo para superar as contradições, as
dúvidas em torno do objeto. Se não houver as contradições não teria sentido
algum a construção do conhecimento. A contradição deve existir para que seja
superada, em torno da idéia que há entre o objeto e o sujeito.
Diante do exposto, o papel do
professor seria estabelecer a contradição, tendo em vista as representações
mentais que o aluno tem consigo. Mas essa negação não é o simples fato de dizer
“não” para o vazio, uma negação sem sentido. É uma negação/contradição que
provoque o aluno a sair do seu estado de inércia e se mobilize através da
expressão do seu pensamento, criticando a realidade dos fatos existenciais.
Para isso o professor tem que ter em mente os conhecimentos já adquiridos pelos
alunos, afinal o aluno tem um quadro de significados e uma gama de conhecimentos
anteriores que precisam ser aprimorados.
A vontade de vencer a
contradição sempre existente entre o sujeito e o objeto é uma luta constante
dos homens. Mas essa contradição pode sofrer interferências no estabelecimento.
Às vezes o sujeito não se sente desafiado por uma contradição porque está mais
ligado em outra – deslocamento de contradição. Em outro momento o sujeito
esquece certa contradição e vai à busca daquela que mais lhe interessa,
esquecendo as demais – bloqueio de contradição.
Para a construção de
conhecimentos pautada na visão libertadora a criticidade deve
fundamentalmente existir. Como poderia o professor entrar em contradição com o
aluno se este estivesse no senso comum? O aluno, nesse caso, permaneceria numa
passividade e longe de ser um sujeito crítico e pensante. Mas a criticidade a
que me refiro não é aquela que somente fala mal das coisas ao nosso redor, e
sim, aquela que questiona a realidade, a razão de ser das coisas.
Uma das tarefas mais difíceis
para o educador é trazer o sujeito/aluno do senso comum – estado sincrético –
para o senso crítico – análise e síntese do conhecimento. O problema aqui é
denominado de continuidade e ruptura.
Mas o certo é que o educador
deve partir do ponto onde o educando se encontra para então, a partir daí,
procurar estimular o conhecimento do aluno, através de análises sobre
o objeto até então desconhecido. E, para isso, é grandiosa a importância que
teremos de dar às aproximações sucessivas acerca do objeto a
ser estudado, afinal a construção do conhecimento em torno de um objeto não se
dá de uma só vez.
Aos nos aproximarmos de um
objeto teremos a oportunidade de conhecê-lo, feito isto é hora de analisá-lo
com persistência e demora. Somente depois disso podemos fazer a síntese sobre o
objeto estudado.
Para que o educando tenha
conhecimento pleno da realidade ele deve analisar o objeto o qual pretende
conhecer na sua totalidade.Mas não é isso que as escolas pregam.
A escola é organizada em disciplinas e com a função de “vomitar” conteúdos e
mais conteúdos, deixando a desejar na relação sujeito e realidade social.
Para a práxis pedagógica podemos
afirmar que não existe aprendizagem passiva. Toda prática de aprendizagem exige
ação ativa por parte de quem quer conhecer o objeto. E nessa prática ativa não
basta somente prestar atenção ao que o professor fala, pois sendo assim o ato
de agir, contestar ficaria no esquecimento, dando lugar à passividade por parte
d aluno. O aluno deve comparar levantar hipóteses, duvidar, questionar, julgar,
dar solução aos problemas, pois só assim ele estará desenvolvendo o que nós
chamamos de operações mentais.
Na metodologia
dialética o que se pretende é uma prática pedagógica que tenha sentido e que
seja de alto grau de significância. Não bastam somente as tarefas. Fazer as
tarefas só pó fazer, quando o aluno está condicionado à notas não é uma prática
educativa decente. A escola deve procurar uma ação consciente:
intencionalidade do sujeito. É preciso que o aluno queira
fazer, tenha intenção de fazer. Nada forçado tem sentido positivo.
Quanto às tarefas, é ideal
que não olhemos para os tipos de atividades e sim observemos se
elas representam algo de concreto. Que seja uma atividade que exija raciocínio,
que seja mais motora, pois sendo assim poderá criar uma ação ativa mais
concreta sobre o aluno, para que ele desenvolva seus conhecimentos com mais
vontade.
Na construção do conhecimento
deve existir uma ligação forte entre o sujeito e o objeto, ambos devem estar
interelacionados com o social para que a construção desse conhecimento não seja
restrito. Sujeito e objeto são sempre modificados e dependentemente daprática social, e
isso é o que chamamos de caráter social do conhecimento.
No processo
ensino-aprendizagem o professor não pode fazer sozinho a tarefa. Não pode fazer
pelo aluno, mas também o aluno não pode realizar suas atividades sozinho. O
professor deve sim, ser o mediador na construção do conhecimento, estimulando o
aluno a dar passos mais largos em busca de novos horizontes. Esta sim, é que
deveria ser a forma de trabalho em sala de aula. Além
disso, o professor deve provocar o aluno a pensar, criticar, estar
sempre com o pensamento em atividade. Deve dispor de objetos e
dar condições para que o aluno tenha rendimento naquilo que ele se debruça para
conhecer. Deve interagir com o seu aluno em busca de
soluções para os problemas propostos.
A problematização caracteriza a
construção do conhecimento no momento em que o sujeito vive sendo desafiado
pela natureza para poder transformá-la. O sujeito encontra problemas para
conhecer ou transformar o objeto. E são justamente esses problemas o motor
principal que faz com que o sujeito seja motivado para o desafio de construir
mais conhecimentos em torno do objeto de estudo.
Estabelecendo a contradição
Estabelecer contradição
representa um passo primordial para a constante busca da construção do
conhecimento. Pela problematização o professor deve sempre adotar a
contradição, confrontando-a como o conhecimento elementar ou parcialmente
apropriado que o aluno tem. E isso traz a possibilidade de ganho de
conhecimento por parte do aluno, transpondo-lhe do senso comum para o senso
crítico. E sendo assim, ao invés do professor sobrecarregar a memória dos
alunos com questões fúteis que não trazem significado algum para os alunos, ele
devia persistir no levantamento de situação problema, para que os alunos sejam
estimulados a refletir/penar sobre algum tema-problema. Sendo assim, os alunos
tentarão resolver o problema e, caso não consigam, o professor dá um ajuda e o
encaminham novamente para a continuidade da resolução do problema. O importante
é se
ligar no problema.
A respeito do planejamento das aulas, o
professor deveria estimular muito mais a criatividade dos alunos, lendo textos
e pedindo que tirassem a idéia central dos mesmos e interrogando sobre dúvidas
acerca do conteúdo abordado, ao invés de ficar no círculo vicioso da tarefa
mecanizada.
No ato do planejamento ou
elaboração das aulas, o professor deve estar preocupado com o movimento do real, esquecendo,
portanto, do movimento do conceito. Uma coisa é o
professor conceituar para os alunos algo que pode estar ligado à realidade.
Outra coisa é o professor tentar conceituar para esses mesmos alunos uma
expressão química muito distante das experiências vividas por esses alunos. O
professor jamais deverá ser escravo dos programas que só abordam conteúdos fora
da realidade.
Isto posto, é bom ressaltar
que não é fácil estabelecer a mudança da prática pedagógica por parte do
professor, no sentido da dialética da travessia. Muitos problemas de
várias ordens são vistos como barreiras para que o professor saia do seu estado
de estagnação e mergulhe na prática educacional inovadora. As condições de
trabalho, sua condição, econômica, etc, são alguns entre tantos fatores que
impedem o rompimento da barreira da pedagogia tradicional.
Exposição dialogada
A prática pedagógica marcada
pela exposição dialogada tem certa vantagem sobre a metodologia expositiva, em
virtude da primeira favorecer ao aluno a liberdade de poder opinar, levantar
hipóteses sobre problemas tratados na sala de aula. Um outro lado positivo é a
própria interação que há entre o aluno e o professor durante a abordagem do
assunto em pauta.
De a aula dialogada
corresponde a um avanço em relação à expositiva, o que diríamos da exposição
provocativa? É justamente nesse tipo de exposição que os
problemas são colocados para serem solucionados pelos alunos. Nesta fase os
alunos são estimulados para desenvolver uma reflexão de confronto. O que o
professor diz é investigado pelos alunos. Aqui, tanto a postura dos alunos
quanto a do professor tomam outro rumo.
Face ao exposto, perguntamos:
diante de tanta liberdade dada ao aoluno para que ele possa falar à vontade,
podemos dizer que o professor não pode mais falar? Claro que
não! O professor sempre deverá ser o mediador na sala de aula e a sua presença
será muito importante para ajudar o aluno a sair do estágio sincrético da
construção do conhecimento.
Certamente o professor
contribui para a aceleração da reconstrução do saber – investigação versus
exposição – quando orienta os alunos em meio às dúvidas na
solução dos problemas. O aluno trás o seu conhecimento sincrético e o professor
como mediador expões algumas informações e o aluno, nesse sentido, deverá ser
capaz de superar este estágio do conhecimento.
O professor, quanto à questão das técnicas, deverá
ficar atento quando exigir dos alunos apresentação de trabalhos em grupo. O
que importa aqui não é esperar uma apresentação, uma exposição espetacular
daquilo que foi estudado pelos alunos, nem sequer poupar as energias do
professor. O mais importante mesmo com isso é ajudar para que dessa forma os
alunos engrandeçam a sua construção de conhecimento. De certa forma, esta ou
outras técnicas deverão ser submetidas a um método ideal, onde seja necessária
a apresentação sincrética do objeto de estudo, expressão das representações
prévias, problematização, fornecimento de subsídios, elaboração de hipóteses,
…, síntese conclusiva, etc.
Aqui o aluno recolhe novos
elementos apresentados pelo professor, estabelece novas relações até então não
percebidas ou ainda percebidas de maneira diferente. Essa ação permite que o
aluno construa um conhecimento mais elaborando, a partir da complementação ou
da negação do conhecimento anterior.
É o momento em que o
educando, tendo terminado o seu estudo sobre o objeto, possa fazer um apanhado
sintético a respeito dele. É neste momento que se espera que esta síntese tenha
consistência fidedigna sobre o objeto estudado, do contrário, o aluno deverá
percorrer todo o caminho de volta, da síncrese para a análise até chegar à
construção de uma nova síntese.
Necessidade de expressão
A expressão material do conhecimento
auxilia o aluno na concretização da sua síntese. Se esta vai ser materializada
através da fala, tem a vantagem da interação social provocar a correção de
possíveis erros detectados na síntese. Se a síntese for materializada através
da escrita isto ajudará para que o trabalho sintético seja bem mais elaborado e
tenha maior perfeição, pois a partir da formatação podem se fazer correções à
vontade ( ao contrário da síntese falada).
Na relação do sujeito com o
mundo, o professor deve entender que a fala é, sem dúvida, não somente um meio
de comunicação, mas um instrumento de pensamento. À medida que o
sujeito vai conhecendo algo, interagindo com o mundo social à sua volta, ele
sente vontade de expressar-se sobre as descobertas advindas desse conhecimento.
E, ao passo que o objeto é mais estranho para o sujeito ele sente muito mais
vontade de fazer uso da palavra para poder conhecer o objeto de estudo.
No processo de determinação da síntese observamos
que, enquanto aquilo que sintetizamos está somente em nossa cabeça, podemos
expor esse conhecimento de forma mais generalizada, mas, à medida que
formatamos a síntese materializando-a para o texto escrito, estamos
concretizando o trabalho, realizando uma síntese conclusiva e restrita ao que
está no papel.
É certo afirmar que jamais
poderemos subjulgar a nossa síntese material, pois, sendo assim estaríamos
confessando a nossa própria impossibilidade de construir o conhecimento.
A interação social entre
o educador e o caminho que o educando está trilhando se concretiza no momento
em que há a expressão contínua das representações sintéticas elaboradas pelos
educandos. Ao passo que as representações sintéticas são expostas e comentadas
em sala de aula, ocorre uma interação social entre os alunos, como também entre
esses e um novo conhecimento que poder ser reconstruído naquele momento.
Para que haja uma interação
social dentro da classe é preciso que se crie um ambiente interativo. Esse
ambiente só pode ser construído se houver um clima de respeito mutuo entre os alunos.
O professor, para isso, deverá ajudar para que esse ambiente saudável seja
criado. É nesse clima que tudo que o aluno fala deverá ter importância. Também
ninguém poderá tomar o espaço de outro falando demais. Mas falar de menos
também prejudica o desenvolvimento do trabalho.
São tantas as formas de expressão do
conhecimento que o educando pode utilizar: oral, gestual, gráfica, escrita,
etc. em todas elas estão presentes a construção de conhecimento que, de certa
forma, provocou a mudança da realidade em relação a um conhecimento prévio
sobre o assunto abordado.
Elaboração da síntese
Tendo em vista que a própria
construção do conhecimento pode ser considerada de síntese, e em virtude de que
só podemos fazer análises do problema depois da elaboração de uma síntese
precária, fica difícil determinar em qual momento seria oportuno e aconselhável
para a elaboração
da síntese, isto porque a análise e a síntese estão
intimamente muito articuladas.
Em se tratando dos níveis de síntese, podemos
entender que há uma complexidade específica para cada forma de expressão dessa
síntese. Na ordem crescente de abstração de conhecimento podemos citar a
dramatização, a forma verbal e por último a forma escrita.
Para qualquer objeto de
conhecimento há infinita possibilidade de se realizar a seqüência : síncrese
>análise > síntese. E para saber se o educando chegou ao grau de síntese
minimamente satisfatória na construção do conhecimento, os educadores observam
a expressão dos educandos em torno da problematização abordada, para assim
poder verificar se os alunos atingiram a síntese mínima.
Interação na elaboração
Se o educando assim preferir,
ele pode solicitar várias formas de expressão da síntese elaborada pelos alunos
– de uma síntese provisória ele pode solicitar que os alunos construam uma
síntese menos elaborada, uma mais elaborada. E pode ainda pedir uma síntese em
grupo, promovendo a interação durante a elaboração. E pode ainda o professor
exigir que os alunos construam uma síntese pessoal ou individual a partir da
síntese grupal.
É importante saber que existe
um limite
na elaboração da síntese. Nem todos os educandos são
capazes de chegar ao estágio da síntese, ficando paralisados na síncrese. Mesmo
com a ajuda do educador alguns alunos sentem dificuldades e são limitados na
elaboração da síntese. O conhecimento científico apurado, presente em alguns
textos, juntamente com o conhecimento filosófico, podem ser um dos motivos que
atrapalha certos alunos a chegar na reta final do estágio síncrese-análise-síntese,
porque sentem dificuldades em analisar os textos.
Retorno à prática social
se a prática da construção do
conhecimento é pautada na realidade social, podemos afirmar que o ser humano
como sujeito detentor e construtor de conhecimento, poderá modificar a sua
realidade através da prática social, com vista na força da sua expressão
carregada de significados. Para isso, o sujeito deverá ser compreendido e ter o
dom de envolver as pessoas através do seu conhecimento, articulado com a
realidade social.
A função primordial da
educação está na construção do conhecimento. A ação pedagógica na escola deve
oportunizar a construção do conhecimento, o que numa instância maior resulta na
constituição de identidades autônomas, capazes de estabelecer relações críticas
entre os homens, suas ações e o mundo. Entretanto sabemos que nem sempre as
práticas pedagógicas atingem, ou procuram atingir a construção do conhecimento.
Esse é um processo no qual é necessária a permanente busca de significado, de
sentido.
O conhecimento só acontece
através do significado que adquire aquilo que se estuda, aquilo que se fala e
que se faz por quem realiza a ação, seja ele professor ou aluno; e
principalmente só acontece quando há interação, onde todos têm voz para falar e
discutir. Caso contrário, só se tem informações e sujeitos. Falta a interação
entre eles, ou seja, a construção de significados.
A escola é a referência para
a elaboração de uma leitura de mundo baseada no conhecimento científico. Logo,
o principal determinante no processo de elaboração dessa leitura, que é
construção de conhecimento, está no currículo – formal, em ação e oculto – como
ação pedagógica. Dessa forma é fundamental ao professor e aos profissionais da
educação, avaliar as questões curriculares, na busca de uma ação pedagógica que
contribua efetivamente para a construção do conhecimento. Somente uma revisão
profunda das questões curriculares, que envolva o planejamento dos programas, a
discussão dos mesmos, a formulação dos planos de trabalho dos professores e a
sua aplicação, ou seja, toda a ação pedagógica; poderá transformar a situação
em que se encontra a situação educacional hoje.